O uso EPIs na operação de Roçadeiras!

Embora alguns ainda discutam sobre a real importância do uso de Equipamentos de Proteção Individual, já podemos considerar um consenso de que seu uso é indispensável.

Se pararmos para pensar, temos apenas dois olhos, duas pernas, dois ouvidos… não podemos arriscar a saúde do nosso corpo pois — diferentemente das máquinas que costumamos operar — suas partes não são substituíveis. Pelo menos não da maneira como estamos acostumados na mecânica.

Mesmo que a gente não vá tão longe como a uma situação de perda de um olho ou um membro, só de pensar no desconforto que é quando alguma poeira ou detrito atinge nossos olhos — e em todas as despesas envolvidas com uma consulta ao oftalmologista — já concluímos que é melhor usar os EPIs.

Mas se é assim, porque ainda é tão difícil nos depararmos com o usuário ocasional de roçadeira — aquele que não vai ter fiscalização de um chefe ou uma empresa sujeita às regras do Ministério do Trabalho — utilizando corretamente os EPIs?

A lista de equipamentos de proteção para usuários de roçadeira não é pequena, mas também não é tão extensa. Podemos separa-los em grupos:


Proteção cabeça:

  • Protetor facial: de preferência os modelos telados, que permitem maior ventilação e não ficam riscados, protege a face contra pequenos detritos como galhos e outras partículas.
  • Óculos de proteção: são indispensáveis, mesmo com o uso do protetor facial, para proteger os olhos contra impacto de partículas volantes. Estas partículas podem as vezes passar pelo protetor facial, mas certamente serão paradas pelos óculos. E quando falamos em partículas, podemos estar nos referindo a pedras, parafusos ou pregos que estejam no terreno ou mesmo pedaços de lâminas.
  • Abafador de ruídos/protetor auricular: a proteção auricular é muito importante. Roçadeiras são equipamentos naturalmente barulhentos, e o nível de ruídos pode causar danos permanentes à audição. E convenhamos, ninguém quer se tornar um velhinho surdo com o passar dos anos, não é mesmo?

Proteção corpo:

  • Avental: um bom avental protege o tronco e as pernas do impacto de cascalho, pedras e outras partículas. Até mesmo a vegetação cortada gera muito mais incômodo quando não estamos utilizando EPIs. 

O avental pode ser de RASPA — que é um couro mais grosso, oferecendo melhor proteção, no entanto mais pesado e com menor compatibildade para uso em ambientes úmidos — ou BIDIM, que é um couro sintético mais leve, maleável e resistente à umidade.


Proteção mãos:

  • Luvas, dos tipos vaqueta ou mesmo de tecido pigmentado, oferecem proteção contra cortes e partículas, além de auxiliarem como um elemento “anti-vibração”. 

Uma curiosidade aqui é a existência de uma síndrome chamada de HAVS, que em Português significa Síndrome da Vibração Mão-Braço. Doença causada por ferramentas vibratórias — exposição prolongada leva a danos em nervos, vasos, músculos e articulações de braços e mãos.


Proteção pés e pernas:

  • Calçados de segurança: uma bota, preferencialmente com biqueta de aço ou poliamida, protege contra cortes, perfurações e também contra picada de animais peçonhentos; 
  • Perneiras de proteção: protege as pernas contra o corte por objetos lançados pela roçadeira em alta velocidade. Podem ser pedaços de metais, pedras ou mesmo vegetação, que podem cortar — de forma muito grave — o operador. As perneiras, de couro com talas metálicas ou plásticas, oferecem uma barreira física contra estes impactos.

Além desse grau de proteção contra impactos, as perneiras também protegem contra a picada de animais peçonhentos.


Considero os 7 EPIs acima como essenciais! No entanto, recomendaria também cuidados simples:

  • Trabalhar sempre de calças compridas e camisas de manga compridas, de materiais com proteção UV e que protejam a pele do contato com a vegetação;
  • Uso de bonés, toucas árabes ou chapéus, para proteção contra o sol;
  • Protetor respiratório, especialmente para ambientes que levantem mais pó e sujeira em suspensão;
  • Protetor solar, especialmente para o rosto e partes expostas ao sol;
  • Repelente para insetos também podem ajudar na execução de um bom trabalho!

Mas voltando à pergunta:

Mas se é assim, porque ainda é tão difícil nos depararmos com o usuário ocasional de roçadeira utilizando corretamente os EPIs?

Meu palpite é que é porque usar EPI é desconfortável! Claro, existe uma série de preconceitos — especialmente em homens — para usar o EPI. Muita gente acha que é coisa “pra quem é fraco!”. Mas tenho comigo a máxima de que, para ser utilizado, o EPI deve ser confortável!

Confortável, ergonômico e de preferência bonito! Porque sempre vamos encontrar uma desculpa para não usar: “o dia está muito quente”, “esses óculos apertam minha cabeça” ou então “com o tempo que gasto pra colocar essas perneiras, já vou estar quase acabando o serviço”.

Então lembre-se disso quando for oferecer EPIs aos seus clientes — ou mesmo quando você for o cliente que estiver comprando EPI! Dê preferência — sempre que possível — para os modelos mais confortáveis, ainda que isso custe um pouco mais de dinheiro. Porque no final das contas, não adianta COMPRAR o EPI e deixar ele guardado toda vez que você for trabalhar e se expor aos riscos!

Graduado em Comércio Exterior pelo SENAC-SP, pós-graduado em Logística e Supply Chain Management pela FGV.

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